Já era grande a torcida para o sítio Paraty e Ilha Grande: cultura e biodiversidade se tornar o 22º local brasileiro a receber o status de patrimônio histórico da Unesco, e conseguiu com êxito.
Eleita no dia 05 de julho, a região, famosa por sua diversidade natural e cultural, compreende os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O sítio possui características universais excepcionais que abrangem além de uma grande parte da mata atlântica conservada, também características da cultura indígena, caiçara e africana criando um ecossistema sustentável pelos seus habitantes.
O novo patrimônio histórico inclui, além da cidade histórica, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, o Morro da Vila Velha, a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu, e o Parque Nacional da Serra da Bocaina.
Como já dito aqui, para receber o status de Patrimônio Mundial é necessário possuir um ou mais critérios dos dez já estabelecidos pela instituição. No caso do sítio, que agora é considerado Patrimônio Mundial Misto por conter os valores cultural e natural, ficou reconhecido o critério V, que é:
“ser um excelente exemplo de assentamento humano tradicional, uso da terra ou uso do mar que é representativo de uma cultura (ou culturas), ou interação humana com o meio ambiente, especialmente quando ele se torna vulnerável devido ao impacto de mudanças irreversíveis”.
E também o critério X:
“conter os habitats naturais importantes e significativos para a conservação in situ da diversidade biológica, incluindo aqueles que possuem espécies ameaçadas de valor universal do ponto de vista científico ou de conservação”.
Vamos aliviar um pouco o papo agora, e falar do que faz Paraty ser tudo isso?
Bota seu óculos de grau, coloca seu celular no silencioso e presta atenção aqui…
A cidade de Paraty foi fundada em 1667, porém antes disso já havia um pequeno povoado por lá vivendo nos arredores de uma capela dedicada ao São Roque. Ocorre que, em 1646, uma senhora chamada Maria Jácome de Melo resolveu doar umas terras ao povoado sob as seguintes condições: ninguém poderia molestar os índios guaianases, moradores da região, e que deveria ser construída uma capela em devoção a Nossa Senhora dos Remédios.
Essa capela acabou sendo demolida e nas proximidades do local foi construída uma igreja com o mesmo nome que acabou também sendo reformada – e jamais concluída até hoje. Na verdade, por esse motivo curioso, é que essa igreja se tornou um ponto turístico da cidade – suas torres são inacabadas, assim como o fundo do local.
Boatos é que não havia mais recursos financeiros para a conclusão. Outros dizem que o motivo foi porque a própria igreja havia se inclinado para a frente em razão da inconsistência do terreno, e por isso não deveria deixá-la como está.
Logo, a vila (lembra daquele filme do M. Night Shayamalan?) virou porto, e começou a prosperar com as exportações vindas de Minas Gerais do produto mais valioso do mercado até então: ouro. O local também teve sua época de prosperidade com exportação de café e cana-de-açúcar, chegando a ter mais de 250 engenhos.
O nome Paraty vem do tupi, e significa “viveiro do mar”. Falando em mar, até uma certa época, a maré alta inundava as ruas à beira-mar da cidade, exibindo, de certa forma, uma relação exuberante entre a arquitetura e a natureza.
Com a construção da estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio de Janeiro, através do Vale da Paraíba, Paraty acabou ficando isolada da rota do comércio. No entanto, em 1982, com a conclusão do asfalto da rodovia Rio-Santos, trouxe uma nova forma de atração ao lugar: o turismo.
Paraty possui muitos parques naturais como o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a Reserva da Joatinga, e o Parque Estadual da Serra do Mar. Além disso, existe na região programas de mergulho, e festas folclóricas como a Festa do Divino, celebrada 50 dias após a páscoa, e a Festa de São Pedro, uma procissão de barcos que ocorre ao final de julho (ainda dá tempo de você ir!). E tem mais uma coisa que nem é tão importante assim, MAS É.
Se você chegou até aqui é porque gosta de ler.
E se gosta de ler, você já deve ter ouvido falar na Flip (não é o golfinho).
Flip: Festa Literária Internacional de Paraty
A Festa Literária Internacional de Paraty foi inaugurada em 2003, com o anseio de transformar essa pequena cidade em um refúgio das artes. Estreou em uma estrutura improvisada com vinte autores convidados, o evento cresceu a tal ponto que hoje é reconhecida pelo mundo todo.
Criado na cabeça da inglesa Liz Calder, presidente do conselho diretor, a festa (pode até ser considerada, sim) reúne diversos escritores das mais diversas origens e de diferentes pontos de vista para discutir todos os aspectos da arte. Cada ano, um autor brasileiro é homenageado, e a partir daí vem uma série de manifestações artísticas, debates, aglutinando um caldeirão de cultura a céu aberto.
Este ano a Flip acontece entre os dias 10 e 14 de julho (sim, já está acontecendo), e o autor merecidamente homenageado é Euclides da Cunha, famoso jornalista e escritor conhecido pela obra Os Sertões, que retrata, em relato jornalístico, a Guerra de Canudos.
Curtiu conhecer um pouco mais de Paraty e também da Flip? Fica a vontade para comentar aqui no post e me contar se você já visitou a cidade ou se já participou da Flip. Até a próxima!!! 😀
Vale a pena conhecer esse lugar lindo. É um paraíso que eu recomendo sempre. Moro a 2hs dessa cidade e sempre frequento quando posso. Nota mil por esse texto. 🙂